sábado, 4 de agosto de 2012

Magia

Depois de um tempão sem postar nada, respirei fundo e escrevi meu primeiro conto. Apresento aqui o começo da magia...



Ele ficou fora 15 dias e a vida pareceu em suspense durante esse tempo.
Eu vou buscá-lo no aeroporto e ele fica me olhando com ares de não tô acreditando.
Ele está cheio de malas, me ajuda a colocá-las no porta-malas do meu carro e pede pra eu dirigir.
No caminho eu sinto os olhos dele e percebo atrapalhada, que de repente não sei mais dirigir - O que eu tenho de fazer mesmo? Trocar a marcha?
A próxima parada é no meu lago mágico, onde eu apresento a ele todas as minhas loucuras.
Ele diz que o meu sorriso é sensacional, enquanto eu só consigo pensar que tudo nele é sensacional.
No ar existe aquele climinha gostoso de duas pessoas que bem poderiam ser.
O dia se aproxima do final e nós não temos pressa de ver a Lua que promete se mostrar maravilhosa como de costume.
A conversa flui tão a vontade como nós estamos um com o outro. Ele ri do meu jeito de falar as coisas e eu preciso que ele repita, que quando está comigo é como se fosse um viciado, dizendo brincando que sobe o morro pra alimentar o vício de mim.
Eu saio de mim e quando me olho de cima, vejo uma louca de pedra jurando por Deus que dessa vez precisa tomar cuidado, mas ao mesmo tempo se perguntando por que diabos o Universo mandou um cara desses, logo agora que o tal pacto em tomar cuidado foi feito.
Miles Davis toca em algum lugar e seu trompete parece fazer um solo só pra gente.
Ele roça o meu braço, sorri e eu tenho certeza que comecei a derreter.
A noite chega fria, ele tira o casaco de couro e coloca nos meus ombros, me abraçando. Olho em volta e vejo que ao lado dele, os meus 1,74 ficam minúsculos - chego a pensar se não estou derretendo mesmo.
Eu sei que o Universo inteiro nos colocou nesse lugar e quis os meus cabelos soltos, um estilo todo dele, o meu jeans desbotado, as pernas compridas dele (ou são as minhas?), as nossas tattoos, o meu batom vermelho e um jeito nele que vai do tímido ao safado em 1 segundo.
Quando ele me puxa pra junto dele e eu sinto a barba por fazer arranhando meu queixo, ainda tenho tempo de pensar em jogar o meu pacto no fundo do lago, rezando pra que dessa vez, ele cuide de mim e eu não precise me auto internar num sanatório imaginário pra curar toda a insanidade que com certeza me espera.