O que é necessário pra se conhecer pessoas?
Não, gente... não estou falando de entrar em contato com outros indivíduos não! Isso é fácil e provavelmente a maioria dos seres humanos com mais de 5 anos, sabe fazer isso. Estou me referindo a perceber alguém, a enxergar sua alma, a ver e reconhecer seu funcionamento, atitudes e gestos, entender de verdade o outro. Pra isso é necessário muita sensibilidade, experiência e observação, e acima de tudo, é necessário gostar de gente.
É claro que existem fatores que turvam nossa visão e a paixão é talvez, o pior deles.
Todo mundo conhece a expressão que diz que o amor é cego. Eu me atrevo a corrigir isso... acredito que a paixão cega as pessoas e o amor, como se baseia na aceitação do outro, nos dá a possibilidade de ver ou não esse outro. E isso vai depender da vivência e da maturidade emocional dos indivíduos em questão.
Imaginem Romeu e Julieta como quarentões vividos e emocionalmente amadurecidos, que no decorrer da vida tiveram experiências com relacionamentos, viveram seus começos e fins, a convivência diária, passaram por traições e sufocaram decepções... alguém aí acredita que eles teriam morrido de amor como na versão de Shakespeare? Não, né?
E não estou aqui, querendo destruir nenhum sonho adolescente romântico, porém me desculpem... quanto mais penso nisso, mais eu me lembro de uma frase que eu ouvia minha mãe dizer: "Ah, seu eu tivesse a sua idade (quando eu tinha 18 anos) e a minha experiência!".
E quem achar que eu estou exagerando, eu convido a dar uma passadinha de olhos nas postagens da galera de 20 anos, nas redes de relacionamento. Talvez por eles começarem mais cedo do que a minha geração, já tenham uma visão diferente da que eu tinha, nessa idade. E é claro que eu estou me referindo a pessoas emocionalmente saudáveis e que amadureceram graças ao aprendizado adquirido através de experiências, isso pode ocorrer aos 20 e poucos anos, mais tarde, ou nunca. Assim como existem jovens profundamente sábios e maduros, também tem um monte de cinquentões que sofrem de retardo emocional e negação de aprendizagem.
"Romeu e Julieta" é a história de amor linda que é, porque os protagonistas são adolescentes... jovens... crianças até! Carregam a pureza de um coração sem marcas. Estão começando a construir sua história de vida.
O meu coração está tão marcado que mais parece um mapa hidrográfico, não dá pra alguém me pedir pra acreditar em amor até que a morte nos separe, PELAMORDEDEUS! Eu acredito em amor até que a vida (ou não) nos separe. E não falo isso com amargura não! Digo isso com a convicção e a certeza das diretrizes que eu fui acumulando pela vida, que me fazem ser o que sou e das quais me orgulho muito. Afinal, essas experiências e até as cicatrizes resultantes delas, são marcas de sobrevivência. São sinais de tudo o que eu vivi, do que acertei e errei, de tudo o que eu lutei, ganhando e perdendo, de todas as minhas tentativas e o que pra mim, é o mais importante... essas tatuagens, iguais a todas as que eu trago no corpo, tem um significado, e no caso das da alma, a principal tradução é de não ter desistido nunca.
Ainda falando em paixão (e aqui eu me refiro a todos os tipos de paixões: as românticas, as de causas sociais, as religiosas, as políticas e até as esportivas). Será que existe a possibilidade de se apaixonar, sem ficar cego? De se voltar intensamente para o objeto do desejo, mas ainda ser capaz de ver seus defeitos, suas falhas, de saber ou pelo menos tentar agir de forma mais sensata e menos impulsiva? Acredito que isso também esteja relacionado à maturidade. E quando olho pra minha filha e já percebo nela uma propensão a trilhar o caminho da paixão, acho que tenho as mesmas reações que meus pais tiveram em relação a mim. Porém eu sei, por experiência própria (e por mais que isso me custe) que ela precisará experimentar as dores e as delícias desse trajeto e aprender sozinha (bom... sozinha não vai... é claro que eu vou dar conselhos, e repetí-los 345 vezes, mas o que eu quis dizer, é que no final ela terá de viver, pra descobrir...).
Agora, voltando à possibilidade de conhecimento da alma humana.
É fantástico observar pessoas, ver seus comportamentos e ações, prever atos futuros, através do entendimento de movimentos passados. E aí, vocês provavelmente vão pensar que as pessoas, algumas vezes nos surpreendem. Eu me arrisco a acreditar que isso só acontece quando não estamos atentos o suficiente, ou quando não as conhecemos verdadeiramente ainda. Afinal, se um indivíduo muda, isso não vai acontecer do dia pra noite. Suas atitudes irão se modificando no decorrer de um tempo e isso ocorrerá em todos os sentidos e direções, e não apenas no que for seu interesse demonstrar, certo?
Embora tenha perdido a pureza das crianças, eu continuo a acreditar nas pessoas, em suas possibilidades e potenciais. O que mudou é que atualmente tenho feito isso de olhos bem abertos, observando bastante, refletindo e pesando as possibilidades que se apresentam.
Aprendi que a busca por auto-conhecimento, não é um caminho fácil... encontramos obstáculos em forma de medo, angústias e surpresas, porém essa porta, uma vez aberta, dificilmente será fechada. Porque é como se uma cortina, que está em frente aos nossos olhos por muito tempo, tivesse sido retirada e víssemos tudo muito mais claro.
Nem a vida poderá ser filtrada de novo, nem nós poderemos nos esconder dela novamente...
Aprendi que a busca por auto-conhecimento, não é um caminho fácil... encontramos obstáculos em forma de medo, angústias e surpresas, porém essa porta, uma vez aberta, dificilmente será fechada. Porque é como se uma cortina, que está em frente aos nossos olhos por muito tempo, tivesse sido retirada e víssemos tudo muito mais claro.
Nem a vida poderá ser filtrada de novo, nem nós poderemos nos esconder dela novamente...