domingo, 10 de abril de 2011

Amor e seus Contrários

No texto "O Contrário do Amor" de Martha Medeiros, ela diz que aprendemos quando crianças que o contrário do amor é o ódio, porém quando somos adultos entendemos que o oposto do amor é a indiferença. Segundo ela, para odiarmos alguém é necessário que reconheçamos o outro, a sua existência, situação que não ocorre no caso de sermos indiferentes a esse alguém. Ela diz que quando amamos uma pessoa e passamos a odiá-la, gastamos uma energia específica nesse movimento, pois afinal ninguém que é indiferente ao outro, projeta nele qualquer sentimento, emoção ou até mesmo ação. Assim, para odiar necessitamos de um objeto que anteriormente foi objeto de nosso amor, o que significa que idealmente, o fim do amor seria a total indiferença e não o ódio. (Claro que também existe o ódio que já nasce ódio mesmo, mas estou escrevendo primariamente sobre amor e não sobre ódio, então vamos deixar isso de lado). 

Fiquei me perguntando se as coisas são assim tão simples. Preciso dizer aqui, que nessas questões de amor, ódio, indiferença, e outras tantas emoções que somos colocados em contato quando nos relacionamos, e por se tratar de indivíduos (seres únicos e completamente diferenciados de quaisquer outros), acredito que tudo fique bem mais complexo.
Refletindo a respeito, já dei de cara com algumas perguntas que vou tentar esclarecer pra mim mesma, enquanto escrevo.
Pra começar, existem diferentes tipos e intensidades de amor... e eu sei bem sobre isso porque como boa canceriana, sou alguém que ama muito. Eu amo as pessoas. Simplesmente não consigo me relacionar com alguém importante em minha vida, sem ser através do amor. Costumo dizer que gostar, eu gosto de sorvete (e eu realmente gosto muito de sorvete)... porém em se tratando de pessoas especiais eu me relaciono pelo amor. Mas até isso é controverso, porque tenho que admitir que conheço muita gente que me faz pensar em começar a gostar de dobradinha com bastante coentro (não aguento nem o cheiro disso)...

Então, pensando sobre amor... 
Posso garantir que o maior amor da minha vida é e sempre será pelo meus filhos. Por eles eu faço qualquer coisa, me submeto a situações inimagináveis, entrego minha vida se for necessário. 
Esse amor é visceral em mim e é tão grande que me faz saber, nas profundezas do meu ser, que eles seriam meus filhos independente de qualquer circunstância. Bryan, Kevin, Stephanie e eu, nos escolhemos várias vezes, em muitas vidas e provavelmente de muitas formas, mas eles estavam, estão e estarão na minha vida pela eternidade e nada mudará isso. Nesse amor não tem lugar pra emoções ruins por muito tempo, simplesmente porque eu jamais sobreviveria sem meu coração.
Existe em mim, o amor pelos meus pais, irmãos (os cunhados são irmãos que a vida me deu de presente), sobrinhos e família (avô e tiomelhoramigo que já foram pro andar de cima, e tios e primos que mesmo não estando no meu dia a dia, são pessoas deliciosas)... esse amor é de um tipo diferente. Essas pessoas (e as continuações delas) são a minha matriz, fazem parte do meu eu, das minhas primeiras construções, da formação da minha identidade... e por mais que existam discordâncias, elas não mudarão o amor, porque quando se nasce em uma família como a minha, o amor e a união se instalam dentro da gente de tal maneira, que se entrelaçam com órgãos vitais. 
Existe também, o amor pelos meus amigos... essas pessoas são criaturas que eu escolhi no decorrer da vida e são importantes justamente por terem sido escolhidas. 
Pra mim, não existem imposições na amizade verdadeira, e acredito que esse seja o motivo de eu ter amigos de um milhão de anos e outros que apesar de não terem todo esse tempo, são como se fizessem parte da minha vida inteira.

Sei que muitos devem estar pensando que a Martha se referiu ao amor romântico, e não a esses descritos acima, mas esclareço que quando li o texto dela, pensei não só no amor romântico, mas também em todos esses outros (ok... concordo que talvez tenha feito isso pela minha maneira de funcionar). 
Mas, e o ódio? Ódio pra mim é algo muito forte e destrutivo, assim como a inveja. Confesso que inveja eu já senti, mas é um sentimento que não existe mais pra mim. Se eu gosto de alguém e essa pessoa conquista algo, eu fico extremamente feliz por ela. E isso acontece, porque se a pessoa tem importância, o que a faz feliz, me deixa feliz também. E se a pessoa não tem importância? Bom... aí, melhor pra ela, o que quer que seja. Isso não me pertence, simples assim. Pode até dar aquela vontadinha de estar no lugar do outro, mas junto com a vontade, vem a certeza de que pra mim só o lugar em que eu me encontro, me interessa. Não por egoísmo e sim por auto reconhecimento de tudo o que eu já passei pra chegar onde estou e por valorizar muito isso.
Agora, voltando ao ódio... não sei o que é isso. Acho que nunca conheci o que é odiar alguém. Sei o que é raiva, decepção, o amargo no coração de se enganar e/ou ser enganada e até indiferença, mas ódio... ódio não.

Nas questões amorosas, eu tenho uma característica particular que é o fato de precisar admirar alguém pra me apaixonar e seguir amando. Se o objeto do meu amor, for destruído por alguma decepção, se eu não conseguir admirar mais nada nessa pessoa, é o começo do fim. 
Lógico que na minha imaturidade, eu construi imagens idealizadas e fiz muita loucura pelo que as pessoas costumam chamar de amor, mas o tempo e a vida se encarregaram de mostrar a realidade, e hoje, é como se lá atrás, eu tivesse uma cortina diante dos olhos... uma vez que a cortina caiu, não tenho outra alternativa, a não ser enxergar. E pra mim, quando isso (de passar a enxergar) ocorre, o amor pode virar indiferença, não aquela que faz com que a pessoa deixe de existir (acredito que a energia empregada em fazer alguém desaparecer, talvez seja maior do que o ódio), a pessoa passa a não me interessar mais. Isso já aconteceu com amores e amizades também.
Assim, acho que podemos até ser indiferentes a alguém, alguns podem transformar amor em ódio, mas existem outros sentimentos e até várias nuances desses sentimentos numa relação, nada é tão dicotômico.

As questões que envolvem amor e pessoas são tão fortes, grandiosas e profundas que podemos até tentar definir em palavras, mas sabemos que o entendimento só virá através do sentir. Ou se sente ou não. E eu posso garantir, com conhecimento de causa, que nada é tão poderoso quanto esse sentimento quando ele é real e verdadeiro... Só sabe mesmo quem sente. 


Deixo aqui o meu amor imenso pelo meu filho Bryan, que hoje faz 23 anos e foi a minha primeira verdadeira e absoluta experiência de amor e também pelo meu irmão... (eu pensei nele durante o tempo inteiro que escrevi esse texto). 

2 comentários:

  1. Hoje vou ser o primeiro.
    Quem te conhece sabe o motivo de vc não conhecer o ódio...vc é toda amor, Clau!!! O seu coração é maior do que vc!! E qto mais vc escreve, mais se mostra, mostra o seu coração.
    Mas esquece que isso não tem nada a ver com signo. Tem a ver com vc ser como é!
    Vi o comentário da Raquel, será que ela estava falando comigo? Ou com o seu outro (ou outros?) admirador? Sei lá, só sei que mesmo estando meio distante, eu adoro o fato de vc não ser indiferente a mim, pode ser teimosia minha, mas sei que indiferentes nunca seremos.
    Manda um beijo meu pro Bryan (liguei pra ele mas o cel deu cx postal)
    Raquel, não me preocupo em assinar pq qdo eu comento, eu sei que ela sabe quem é...rs!

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  2. Bom hoje vou ser o segundo a comentar logo em seguida ao outro anônimo que pelo visto nem é tão anônimo assim...
    Não preciso escrever um livro aqui pra falar sobre teu texto e do quanto ele tem há ver com os dias atuais...Amor e ódio são tão antagônicos que parecem nem caber num mesmo texto mas você conseguiu sintetizar um pouco do que cada um significa e de qual sentimento nos eleva ao contrário do outro que nos nívela por baixo e nos lança ao encontro dos tempos modernos onde a capacidade de amar e se doar tem sido cada vez mais substituída pelo egoísmo e pela máxima "o meu primeiro os outros que se danem" não é de admirar que o ódio esteja minando as relações entre as pessoas e até entre as civilizações por que isso está na moda violência está na moda,inveja está na moda,preconceito está na moda e a falta de amor próprio e aos outros também.O que existe é uma cultura da vaidade e da supremacia de uns sobre outros e isso é o ódio na sua mais assustadora face.
    Mas e o amor Claudia? Por onde ele anda? onde procurá-lo? Onde encontrá-lo?
    Simples...olhe tuas fotos antigas veja seu sorriso de criança depois veja tuas fotos de familia...teus pais ,teus parentes ,teus amigos e claro teus filhos...
    Achou?Pois então quando a gente sente a mesma alegria que transborda quando olhamos um album de fotos antigo mesmo que com alguma ponta de saudades ou nostalgia pode crer que é amor.
    É esse sentimento tão denso e ao mesmo tempo tão inexplicável que não tem definição...mas está lá e você sente e vibra e sorri pois sabe que ele existe que não é uma utopia nem história de filme ou novela...
    É real e pode acontecer a qualquer momento e quando menos se espera por que se tiver hora marcada ou definição...não é amor...amor não se define nem se explica acontece e pronto, e falo de amor em geral não só de amor entre homem e mulher...mas e o que o amor rem há ver com o ódio? Ora o mesmo que o soro tem há ver com a cobra...ele é o antídoto o contraveneno ao sentimento mais destruidor que habita no coração dos homens,sem amor não haveria espaço para os sonhos nem para as alegrias as vezes bobas mas tão necessárias a vida da gente tão excenciais quanto a agua ou o ar... a falta de amor mata o homem torna-o refém de seus instintos e quando isso acontece o ódio pode invadir seu coração e plantar a semente do mal e daí basta ligar a tv e assistir os telejornais pra ver o resultado!
    Incrível como se perde tempo odiando quando se poderia estar amando.
    Se um dia as pessoas amarem a humanidade como amam seus filhos o mundo será diferente por que não existe amor maior do que esse nem nunca vai existir!
    O amor de uma mãe por seus filhos é o amor supremo capaz de enfrentar a tudo e a todos para vê-los bem e como diz lá a propaganda do cartão "isso não tem preço"por que não se mensura um amor assim!
    Sou partidário daquela filosofia "Ainda que eu falasse a língua dos homens,que eu falasse a língua dos anjos, sem amor...eu nada seria"
    O bom da coisa é que existe o lívrio arbítrio e a liberdade de escolha,e nem é tão difícil escolher afinalde contas...Amor e todas as suas consequencias ou ódio e todos os seus venenos?
    Eu nem penso na hora de escolher!
    Sempre bom manter esse contato com você que mesmo distante permitiu que eu me aproximasse e aos poucos temos trocado algumas idéias e filosofias de vida não tenho pretensões de concorrências ou disputas por que assim como você eu espero ser aceito pelo que eu sou e creio que isso tem algum valor ou pelo menos deveria ter...
    Beijo Claudia parabéns pelo teu post de hoje espero que não percamos o contato!

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