quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Coração Easy Rider

Faz tanto tempo que não publico nada aqui e estou tão em dívida com todos que fazem desse espaço, um cantinho tão bonito e especial, que já começo pedindo desculpas. 
Pessoas, sem querer me justificar e já fazendo isso, a vida tem me cobrado um ritmo acelerado demais e eu, ao invés de pedir pra diminuir, enfio mais ainda o pé. Coisa de louco? Pode ser, mas que é a minha cara, isso é. Não dá pra negar. 
Mas vamos à reflexão do momento.

Existem épocas da vida que é melhor nos retirar. Esse está sendo um tempo assim. E essa retirada não tem nada a ver com desistência e sim com estratégia. Eu percebi que me virar pra dentro, meditar e me fortalecer seria o melhor que eu teria a fazer. 
Ritmo acelerado X Meditação. Paradoxal? Pode parecer, mas pra mim faz todo sentido do mundo. 
Eu explico... sou muito intensa e por mais que eu medite, busque melhorar isso ou tente me conter, a coisa sempre escapa e eu termino me perguntando se é isso mesmo que eu preciso modificar. 
Minhas emoções funcionam à 250km/h e quando se trata de envolvimento afetivo, seja num relacionamento, seja num projeto, ou mesmo na tomada de uma decisão importante, os sentimentos e o jeito "Claudia de ser" passam na frente. Porém a maturidade, foi construindo em mim uma experiência e um feeling, que sinalizam quando a velocidade está assustadora demais, mas encontra um obstáculo e por isso precisa diminuir, desviar ou até parar pra não causar um acidente sem precedentes. E apesar de eu me perguntar se não seria mais fácil diminuir a velocidade de vez, nunca deixo de me admirar com a força desse feeling de freio. 
Gente... eu concordo que tenho o costume de voar baixo na vida (e às vezes, nem tão baixo assim), mas em compensação desenvolvi um sistema de ABS fantástico.
Antigamente, o coração corria solto e louco, passando por cima de todas as barreiras e impedimentos que pudessem aparecer e não tinha como detê-lo. Todos os acontecimentos eram justificáveis e se legitimavam em nome do amor e por ele. O que esse pobre sofreu, nem sei descrever. Minha mãe dizia: "Vc se entrega muito, minha filha, toma cuidado!"... e eu juro que queria escutá-la, mas o doido do coração tinha vida própria. Quando situações visivelmente tortas ocorriam, ele logo se adiantava em justificar de alguma maneira, que elas eram permitidas pelo amor. A diferença é que isso acontecia quando ambos, coração e a dona dele eram jovens e um pouco inconsequentes.
Atualmente, a maturidade dispara uma sirene mental que detecta problemas e aciona o ABS cada vez que o desenfreado do bichinho sai causando, e o que eu tenho notado, é que a cada experiência nova e aprendizado adquirido, o tempo pra tal sirene disparar a frenagem tem ficado mais curto. Assim, o coração easy rider até apronta, mas o alarme toca bem rapidinho.
E a cada história, eu juro que nunca mais vai acontecer, mas pro meu azar ou sorte (como o coração errante gosta de sentir), sempre se repete.
E aí, ele vai seguindo, numa trajetória de remendos e histórias, tendo sofrido algumas decepções.
É meus queridos... ser portadora de um coração assim, é passar a vida se descobrindo numa eterna aventura, é aprender a viver com um constante frio na barriga... enfim, é punk!!
Mas como dizem que quando a gente tem um sentido imperfeito, com o tempo outros se super desenvolvem como forma de compensação, o lado bom da coisa é que com um coração desses - que eu chamo de deficiente afetivo - a intuição, o poder de observação e a percepção foram ficando ninjas. Assim, quando o maluco resolve se atirar, os outros se reúnem em missão de resgate. E por mais que o coração tenha força pra ser insensato - e ele tem uma força assustadora - a equipe de S.O.S., com paciência e cuidado, o traz de volta à realidade, presta os primeiros socorros e o devolve à trajetória da vida. (Entenderam agora a necessidade da meditação? rs).
Confesso que ele me cansa, me estressa, e que de vez em quando, eu perco a paciência com ele, mas também reconheço que no fundo, ele é boa gente. Inconsequente muitas vezes, e até meio azarado, mas muito boa gente. E é por essa razão que mesmo depois de tantas ousadias juntos, nós sejamos tão parceiros, cúmplices e nos entendamos tão bem.
Eu posso estar mais desconfiada, a intuição (mesmo esperando pra ver até onde a gente vai chegar) pode gritar por atenção, cuidado e freio, mas ele nunca deixará de acreditar.

Independente de qualquer coisa, tenho que admitir que peço a Deus e ao Universo pra não ter transmitido essa herança aos meus filhos e que esse defeito morra comigo. Porque sofrer tudo de novo, com qualquer um deles, ou ensiná-los a ter a força que eu adquiri no decorrer do tempo e das experiências, será muito mais dolorido. 
Ter um coração boa gente, mas pirado, depois que a gente aprende a conviver com ele e até a admirá-lo, é tudo de bom pra mim... agora, pensar que meus filhos podem vir a passar pela metade das coisas que aconteceram comigo, me deixa apavorada.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tudo acontece por um motivo

Isso de procurar motivo nas coisas que acontecem é muito punk, né não? É claro que tudo acontece por uma razão... aliás se não tivesse uma razão pra acontecer, provavelmente, o que quer que seja, ficaria exatamente como estava.


Mas é assim mesmo. Precisamos achar explicações pra tudo. Talvez porque as explicações nos ajudem a digerir melhor os fatos que a vida nos apresenta. E eu como toda mortal (ou pra ser completamente justa, como toda mortal viciada em pensar e refletir sobre tudo), fico dando voltas e mais voltas tentando entender os porquês de determinados movimentos do Universo. 


Eu tenho algumas crenças e a partir delas, construo minhas possibilidades. 
Não acredito em acasos, acho que tudo e todas as coisas à minha volta são reflexos do que eu emano, ou seja, a energia que eu mando pro Universo, Ele recebe e me devolve em forma de acontecimentos, trabalho, pessoas, amizades, amores, relacionamentos, enfim... 
Assim, o que acontece em minha vida e foi de alguma maneira determinado por mim ou por alguma atitude minha, ou resultado das minhas vibrações, é muito fácil de ser absorvido. Em outras palavras, acredito por exemplo, que se eu me concentro e me volto pra minha carreira, ela se volta pra mim também, em forma de mais trabalho, e desse modo, em todas as áreas da minha vida. 
Agora, saber que estou na rede dos reflexos das pessoas que fazem parte do meu mundo, ou seja, que a vibração delas irá influenciar a minha vida diretamente, é bem complicado. Eu explico: existem inúmeras pessoas importantes pra mim, pessoas que eu chamo carinhosamente de minhas, laços que dificilmente serão desfeitos, pessoas da minha diretoria... bom, elas também mandam suas energias pro Universo e cada vez que isso acontece, nossas vibrações se misturam, se entrelaçam e nem sempre o resultado é o que considero ideal. E eu tenho consciência de que sou uma parte infinitamente pequena da grandeza que é o Universo, mas isso não ajuda a diminuir meus questionamentos. Exemplo: meu filho Bryan, uma das três pessoas mais importantes da minha vida, foi morar nos U.S.A. A vibração dele foi em busca do sonho de se realizar profissionalmente, como homem, indivíduo e como pessoa. Eu sei no meu íntimo, que ele está fazendo o melhor que pode indo atrás do que acredita e torço, rezo e vibro com cada conquista dele, mas num mundo ideal, ele estaria mais perto de mim, New York ou Los Angeles seriam ali na esquina e eu poderia vê-lo e abraçá-lo com muito mais frequência.


Por outro lado, e quando a nossa energia esbarra em outra energia, tudo parece conspirar a favor e de repente, tudo se dissipa da mesma maneira que chegou? Existem respostas? Algumas vezes sim, outras não. Porém o que realmente importa, no final das contas, é que o que tem de ficar, fica. Não importam as voltas da vida, o que é de verdade, permanece. Podem até haver afastamentos, mas o que é real, o que é nosso mesmo, sempre acaba encontrando um caminho de volta.


A vida é como é. Podemos até fazer o melhor, deixar a melhor marca, sermos o melhor que conseguimos ser, mas nem sempre é o suficiente. Outras vezes é mais do que suficiente... entrar em contato com isso, é bem maluco, mas o que temos a fazer é aceitar e seguir em frente.
     
Tem um texto da Martha Medeiros que diz:
"Pessoas entram na sua vida por uma "Razão", uma "Estação" ou uma "Vida Inteira". Quando você percebe qual delas é, você vai saber o que fazer por cada pessoa. 
Quando alguém está em sua vida por uma "Razão" é, geralmente, para suprir uma necessidade que você demonstrou. Elas vêm para auxiliá-lo numa dificuldade, te fornecer orientação e apoio, ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente. Elas poderão parecer como uma dádiva de Deus, e são! Elas estão lá pela razão que você precisa que elas estejam lá. Então, sem nenhuma atitude errada de sua parte, ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação a um fim. Às vezes, essas pessoas morrem. Às vezes, elas simplesmente se vão. Às vezes, elas agem e te forçam a tomar uma posição. O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e o trabalho delas, feito. As suas orações foram atendidas. E agora é tempo de ir. 
Quando pessoas entram em nossas vidas por uma "Estação", é porque chegou sua vez de dividir, crescer e aprender. Elas trazem para você a experiência da paz, ou fazem você rir. Elas poderão ensiná-lo algo que você nunca fez. Elas geralmente, te dão uma quantidade enorme de prazer... Acredite! É real! Mas somente por uma "Estação". 
Relacionamentos de uma "Vida Inteira" te ensinam lições para a vida inteira: coisas que você deve construir para ter uma formação emocional sólida. Sua tarefa é aceitar a lição, amar a pessoa e colocar o que você aprendeu em uso em todos os outros relacionamentos e áreas de sua vida."

Talvez, essa seja a melhor maneira de entender essa dança maravilhosa e bizarra que são os relacionamentos humanos, mas pra mim, por todas as minhas vivências e experiências, ficam algumas certezas...
- Não importam quantas pessoas passem pela minha existência, todas tiveram ou tem uma enorme importância, afinal fizeram ou fazem parte de mim e da minha história.
- Eu sou muito intensa pra viver anestesiada... isso pode até ocorrer por um tempinho e funcionar como defesa, mas a minha essência sempre dá um jeito de "botar as manguinhas de fora" e isso nunca vai mudar GRAÇASADEUS!
- Eu sou o que sou... sei que tem gente que me ama por isso, como também tem um monte de gente que me detesta pelo mesmo motivo. Só que pra chegar até aqui, eu precisei me virar do avesso, dar de frente com meus demônios, e entender do que sou feita... e mesmo com todas as cicatrizes que a vida me deixou, eu me acho cada dia mais bonita (só pra constar... quem me conhece de verdade, sabe que o bonita no caso, não tem nada a ver com aparência!)
- E por último, estar feliz pra mim
 tem a ver com estar de bem e em paz comigo mesma, poder escolher as pessoas que eu quero testemunhando a minha caminhada, ter um coração batendo enlouquecidamente pela vida e lutar sempre pelo que acredito…o resto vem!!! Afinal, como diria Lya Luft (e eu tomei a liberdade de modificar um pouquinho pra "puxar a brasa pro meu churrasco" - desculpem ter modificado o ditado, mas é que eu detesto sardinha)... o que dá brilho ao olhar é a vida que a gente escolheu levar!!!


Vou finalizar reescrevendo aqui uma das minhas primeiras postagens aqui nesse  cantinho azul...


A todas as pessoas que estão em minha vida, a todos que fazem parte do meu dia a dia, a todos os que cruzaram o meu caminho, a todos os que estão distantes geograficamente, mas habitam o meu coração, a todos que eu amei e não permanecem em minha vida por não terem me enxergado e/ou por não terem gostado do que viram, a todas as minhas pessoas (elas sabem quem são) que choram comigo, me apoiam, riem das minhas loucuras, me amam exatamente como eu sou (o pacote completo, que eu sei, não é dos mais tranquilos, fáceis e simples), a todos os que eu amo, aos que já foram pro andar de cima ou não estão mais presentes, à minha família linda, aos meus filhos maravilhosos... isso é pra vocês:
Se nos fosse dada a capacidade de ver o futuro, talvez eu não tivesse feito as escolhas que fiz... se eu pudesse prever o futuro, eu não teria tomado tantos tombos da vida, não teria chorado tudo o que eu chorei, nem sofrido, nem me machucado tanto, ou acreditado no que e em quem não devia... mas também (e isso com certeza é o mais importante), eu não teria amado tanto, nem teria as experiências que ficaram tatuadas na minha pele, coração e alma, não teria aprendido com as pessoas, não teria me doado e construído o meu modo de sentir a vida, não teria levantado e seguido caminhando quando as porradas vieram fortes e me derrubaram por um tempo... se eu pudesse ver o futuro, talvez eu não tivesse me jogado na vida com a força que me joguei e mesmo tendo saltado algumas vezes, em direção a pedras, também voei tantas outras vezes pra abraços, colos e corações lindos... se eu pudesse prever o futuro, talvez não tivesse perdoado o tanto que perdoei, ou ajudado o tanto que ajudei... talvez não tivesse magoado pessoas que não mereciam e sofrido com o reconhecimento disso... talvez não tivesse tentado ser uma pessoa melhor a cada dia... talvez não tivesse buscado o meu eu e a minha identidade ofuscados por um tempo... talvez não tivesse batalhado tanto, e sim jogado a toalha e me perdido definitivamente de mim... talvez eu não tivesse cometido tantos erros, pra depois aprender com eles... talvez eu não tivesse precisado me desculpar tantas vezes... talvez eu não tivesse a dádiva de receber de algumas pessoas mais do que especiais, palavras, gestos, carinho, cuidado, apoio e ajuda essenciais...
Se a menina que eu fui, pudesse prever o futuro, provavelmente, eu não seria o que sou hoje e teria a fé que tenho em mim...
OBRIGADA A TODOS QUE AJUDARAM A ME CONSTRUIR ATÉ O MOMENTO!!!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ah se os meninos acreditassem...

Eu hoje tive uma experiência fantástica que preciso dividir com vocês.
Combinei com alguns amigos de almoçar perto do meu consultório em Alphaville e acabamos indo parar no Outback. Quem conhece sabe que as mesas são muito próximas, assim como os booths (pequenas cabines separadas por divisões de madeira) típicos desse tipo de restaurante. 
Nós estávamos em seis pessoas, pegamos uma mesa redonda e o nosso almoço não teria passado de um momento gostoso de descontração e confraternização entre amigos, se a nossa atenção não tivesse sido voltada à um grupo de rapazes barulhentos.
Preciso fazer uma pausa aqui e explicar que eu sou absolutamente apaixonada por observar seres humanos e suas reações. Sempre gostei disso, acredito que esse movimento acabou aprimorando o meu feeling pra pessoas e a minha profissão com certeza, deixou tudo mais à flor da pele ainda.
Voltando aos rapazes, eles tinham por volta de 25 anos, a maioria deles era o que se costuma chamar de "sarados" e como grande parte dessa geração, eram bem bonitos. Como se não bastasse o fato de rirem e falarem alto, fizeram uma bagunça considerável pra ocupar seus lugares e pareciam tão bem humorados que acabaram atraindo a atenção de quem estava por perto.
Eu confesso que prestaria atenção de qualquer maneira, graças ao meu "vício", mas o que se sucedeu foi quase mágico!
No meio dos meninos bonitões tinha um comunzinho, daqueles que nós mulheres, chamaríamos de feio arrumadinho, muito quieto, low profile, visivelmente tímido,  e os saradões resolveram pegá-lo pra Cristo...
Todos se juntaram pra debochar do garoto feinho e perguntavam em voz alta e rindo como ele havia "pegado" determinada "gata"..."fala aí, vai Denis... como uma mulher daquelas tá saindo contigo?" "ela sabe que você mora em Osasco, nos cafundós dos judas?" "caraca, a mina deve ser míope" "conta pra gente... ela tem que ter chulé e mal hálito, vai?" "você não dá conta daquilo não"... e por aí seguiu o bullying em cima do menino, acompanhado de muitas gargalhadas.
Nessa altura do campeonato, o restaurante inteiro olhava pros rapazes e eu confesso que comecei a ficar irritada com a vulgaridade e a covardia dos moleques e a minha cara deve ter deixado transparecer isso, porque escutei risadas vindas das pessoas na minha mesa com os cometários: "segura a Clau" "calma nem vale a pena se estressar... tá na cara que são uns playboyzinhos sem nada na cabeça" "gente, olha a cara da Claudia"...
Bom, é claro que eu fiquei quieta, mas juro que dentro da minha cabeça eu falei um monte pra aquele bando de fanfarrões.
Aí aconteceu a mágica...
O menino feinho rindo e meio sem graça, começou a pedir pra eles falarem baixo, pra pararem com aquilo... ele até se deu ao luxo de dizer pro bando de bobões que gostava da menina, que a garota e ele estavam se dando super bem... "ela é minha namorada e sabe da minha vida" "e depois, vocês ficam me tirando, mas é comigo que ela tá, né?" "eu não tô pegando ninguém, eu gosto dela!"
Do lado da mesa do garoto tímido estavam umas meninas bem bonitas e a postura dele começou a atrair olhares... eu delirei, vendo aquilo!!! O menino tímido era na verdade um avião de inteligente, sensível e o que é melhor... verdadeiro. Estava explícito o rosto vermelho, o olhar baixo, a vontade de não aparecer de maneira nenhuma, e isso chamou atenção da mulherada que nem olhava pros bonitões.
Os caras também perceberam e começaram a ficar incomodados, o que causou mais constrangimento ainda porque devido a isso, aumentaram o grau de exibicionismo. A partir daí, todo mundo estava encantado pelo tímido e eu estava prestes a aplaudi-lo de pé.
Ele em nenhum momento se aproveitou da comoção e nem se mostrou curioso com a situação.

Me peguei pensando muito sobre esse episódio.
Agora, me digam... ou o menino estava fazendo estágio pra virar o próximo Tom Hanks, ou tudo o que ele emanava era tão legítimo que atraiu a atenção de todos ali. E eu sei que essa coisa de se exibir às custas de gente sensível é um comportamento tipicamente masculino, ou melhor, machista. E como bem sabemos, o nosso país é rico dessa espécie. Mas meninos PELAMORDEDEUS usem a inteligência e sejam verdadeiros... é claro que se você tiver a sensibilidade de um rinoceronte, nem adianta tentar passar uma imagem diferente, mas entenda que o importante é o que é real e não o que precisa ser fabricado ou porque a sociedade e o grupo exige, ou por falta de coragem de mostrar seu verdadeiro eu.
Eu tenho um filho low profile, que fica envergonhado quando reparam muito nele e por mais bonito que ele seja, o charme todo reside no fato dele não perceber o poder que tem.


Esclareço que não existe aqui nenhum tipo de generalização. O texto também serve pra muitas mulheres que se mascaram passando uma imagem que não é real e não pretendi dizer que todos os homens do planeta se comportam assim, mas como o acontecimento foi com o tímido, escrevi uma espécie de alerta aos meninos espertos.

Gente inteligente, homem ou mulher e que ainda consegue ser avião na vida por postura, são os grandes conquistadores da atualidade. Pensem nisso.
E meninos, sabem aquela coisa de descobrir do que as mulheres gostam? Então...
Ah... e outra coisa... os conquistadores baratos são a pior raça que existe, tá? Por favor...



Quero deixar aqui a minha total admiração ao Denis de Osasco, que estava hoje por volta das 14hs no Outback de Alphaville...menino, você é o máximo, a sua namorada é uma garota de sorte e se eu pudesse te dar um conselho, seria nunca mude por ninguém ou nenhuma situação. Gente de verdade e que não tem vergonha do que sente é sexy as hell!

domingo, 26 de junho de 2011

À Flor da Pele

Já estava me sentindo culpada... faz mais de um mês desde a minha última postagem, mas sem querer me justificar e já fazendo isso, a vida tem andado num ritmo punk e eu me descobri voltada às sensações, às emoções, ao sentir... e gente, fazia tanto tempo que isso não acontecia que eu estou me permitindo de modo quase indecente.

Acontece que meu aniversário está chegando e eu me peguei pensando em idade, em número de anos e em como eu me sinto uma menina, mesmo tendo completa consciência que já sou uma senhora (viu Dan? Pensa que eu não vi esse sinal de não estou acreditando que você fez com a cabeça?... rs). E vou falar uma coisa, até escrever a palavra "senhora" aqui é estranho (Ah Dan... para de me censurar vai? É estranho mesmo!! rs) 
Mas é verdade, estou me aproximando dos famosos 50 e essa é uma idade que está associada a mulheres sérias, contidas, circunspectas, mulheres que já estão se preparando para a velhice, ou como é mais moderno e politicamente correto dizer, a 3ª idade. 
Geeeente, o que eu faço se eu não me sinto assim? O que eu faço se a vida tem me proporcionado tanto movimento, em todos os sentidos, que as vezes eu preciso me segurar pra não ficar tonta? O que eu faço se o meu espírito adora vento no rosto, se emociona com dias de céu azul e sol e enlouquece com noites estreladas e de lua? O que eu faço se quando eu ouço uma determinada música, eu aumento o som e saio dançando? O que eu faço se eu não consigo conter gargalhadas e nem lágrimas? O que eu faço com esse coração e essa alma adolescentes? 
Não dizem que a vida começa aos quarenta? Então...eu não só acredito, como sei isso!! Assim, não é válido eu me sentir jovem ainda? (Dan... você fica quieta aí... rs) E depois, não combinaria com uma senhora viver as coisas como eu vivo, na intensidade e com a profundeza que elas acontecem, ou será que combinaria?

Sou à flor da pele, se estou feliz, isso fica estampado em todo o meu ser... eu sorrio com os olhos, com o corpo todo, me sinto brilhando, tudo em mim é festa. E o inverso é completamente proporcional em intensidade, quando estou triste, eu apago, perco o brilho, internamente tudo em mim silencia. 
E sabem o que eu descobri recentemente? A minha vida tem roteiro hollywoodiano. É verdade. 
Passo por fases difíceis, daquelas dignas de vídeo game, em que várias portas vão fechando e eu preciso correr em direção à próxima abertura (por menor que ela seja) e tentar de qualquer maneira me jogar pro outro lado, acompanhada de uma trilha sonora de filme do Indiana Jones. Nessas fases, as coisas são tão complicadas, que eu me sinto matando um leão por dia e o roteiro é de aventura. Em outros momentos, as coisas são tão fantásticas e inacreditáveis que eu poderia estar coadjuvando o meu próprio "Nine and a Half Weeks", com direito à trilha do Bryan Ferry e do Joe Cocker. Existem momentos ainda, que os roteiros se misturam e aí as coisas ficam bizarras, e possivelmente pra quem está de fora e pra mim mesma depois que passam, bastante tragicômicas... porém como tudo que faz parte de mim, profundamente intensas.
Aliás, intensidade é quase um outro nome meu: Sou a Claudia Intensidade Vasconcellos, muito prazer. 
Sei que criaturas como eu podem causar estragos, mas a verdade é que eu gosto de ser assim e acreditem, pago um preço alto por isso, mas as minhas pessoas me conhecem e me amam assim mesmo...
Bom, minha mãe apesar de me amar incondicionalmente, também se preocupa muito comigo, ela embora me conheça tão bem quanto eu própria acredito que me conheça, não se conforma de eu me jogar na vida como faço, ela não quer mais me ver toda machucada, como aconteceu tantas vezes, né Mã? Prometo que estou tomando mais cuidado, mas não consigo agir diferente, porque se eu fizer de outro jeito, não serei eu Mã... desculpe. 
E como essa questão da intensidade funciona em todos os sentidos, eu tenho pensado que se quando as coisas estão ruins, eu tenho que abraça-las e me virar pra resolver os problemas, quando as coisas estão boas, eu vou mais é aproveitar tudo o que eu puder, até porque ninguém tem garantia de nada e nunca saberemos o que acontecerá amanhã, né não?

De tudo fica uma certeza, minha pulsão de vida é ligada no 220V e mesmo que as coisas estejam bem complicadas, elas nunca estiveram tão divertidas. 
E desse modo, eu me encaminho pra mais um aniversário, muito mais empenhada em celebrar a vida, do que com o número de anos que ele simbolize e independente do que apareça no meu RG, eu sei que meu coração terá vinte anos pra sempre. Parabéns pra mim!!
(* Senti necessidade de colocar um esclarecimento aqui: esse ano ainda estou fazendo SÓ 49 aninhos - porque menos idade tudo bem, agora mais ninguém merece, né? E Dan... nem vem... rs) 


Vou transcrever aqui uma frase da Clarice que traduz a minha essência:
‎"Não me prendo a nada que me defina! Sou companhia mas posso ser solidão... tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio! Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer. Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... ou toca, ou não toca!" - Clarice Lispector



Deixo aqui também,  todo meu amor e minha gratidão à minha mãe, minha mami, minha mã... meu modelo de mulher... guerreira, forte, coração maior do que ela, doação ilimitada a todos que a rodeiam... 
Mã, você é a coluna que sustenta essa família.
Obrigada... obrigada por me amar como me ama e aos que vieram de mim, por tudo o que me ensinou, por formar muito do que sou hoje, por estar sempre presente pra mim, por se preocupar até hoje comigo e acima de todas as coisas, por ter me dado a benção da vida. 
Te amo te amo te amo te amo te amo...


E só pra ela não querer me matar, a Dan é minha irmã mais nova que me ama absurdamente, porém eu sei que ela gostaria que eu agisse mais de acordo com a minha idade e parasse de molecagens. Os meus recadinhos aqui foram só mais uma molecagem minha com ela.








sábado, 14 de maio de 2011

Montanha Russa

Tem um provérbio conhecido que diz: "Tome cuidado com o que deseja. Você pode acabar conseguindo". 
Nos últimos dias, essas duas frases têm martelado na minha cabeça e esse tom de sentença que elas trazem, vem me fazendo pensar que por um lado é muito bom ousar nas escolhas que fazemos, mas por outro é preciso ter o tal cuidado que se instala, mesmo à nossa revelia, nos lembrando uma trajetória de experiências que a vida nos deu e que sempre volta pra cobrar... e como cobra!
Acontece que a vida andava tranquila, problemas até existiam e obstáculos necessitavam ser superados nos setores do trabalho e da vida prática, material e financeira, mas pra quem como eu, se habituou a correr uma maratona por dia nessas questões, a vida andava tranquila. 
E andava tranquila porque eu não estava procurando nada que não fosse cuidar de todas as coisas que precisavam ser cuidadas e resolver o que necessitava ser resolvido.
Só que dentro de mim existe uma alma intensa. Marasmo não é comigo e mais ou menos não me serve. Eu quero tudo ou nada, quente ou frio. O que é morno me repele e mesmo pagando um preço alto por ser assim, não sei ser de outro jeito.
E acontece também, que o Cara Lá de Cima me conhece muito bem, tem visto o meu caminho, meus tombos e lutas, meus sucessos e fracassos, e pelo jeito, de tanto eu mandar pro Universo a minha intensidade, os meus anseios, meus sonhos, o Universo me ouviu, me entendeu e mandou de volta, em forma de montanha russa, o momento que estou vivendo.
E esse "momento montanha russa" tem o meu nome gravado porque na vida, tudo o que eu planejei acabou sendo diferente. 
Assim, com o tempo, viver sem saber pra onde vai virar o carrinho, se tornou parte de mim, do que me pertence, do que eu construí, da minha estrada. Viver o dia e só me permitir planejar à curto prazo são uma marca minha. E eu sei que não é cuidadoso, nem sensato, nem previsível, nem seguro viver assim, mas uma união do meu espírito livre e adolescente com as circunstâncias da vida, me colocaram nesse lugar e mesmo correndo riscos e perigos, é tudo o que eu posso fazer. 
E por favor não me critiquem, pois quando a vida me deu um limão, eu posso algumas vezes ter feito um suco amargo, mas também já fiz muitas caipirinhas, mousses e tortas fantásticas.
Estou vivenciando a possibilidade de uma viagem linda, de múltiplos conhecimentos. Se essa viagem é da alma ou do corpo, se sacra ou profana, se é apenas dos sentidos ou também do coração, se é o começo de algo até a eternidade de sua duração ou se já inicia com um prazo de validade, eu só saberei vivendo. E francamente, viver mesmo... de verdade, é se permitir, ousar outras experiências, dar asas à imaginação e ir em busca do que acreditamos nos pertencer. 
E porque ninguém tem obrigação de ficar me decifrando, ou tentando me entender, vou reproduzir aqui o resultado de um teste de personalidade que fiz. Esse teste procurou descobrir como eu encaro novas experiências e informações, eu acredito que ele afirma e dá um aval que me justifica (seja isso necessário ou não).
Segundo o tal resultado, eu penso como um artista ou melhor, vejo como um artista. Enquanto a maioria das pessoas olha as linhas retas da vida, sua altura, largura e profundidade, eu curvo as linhas com a minha imaginação e transformo o preto e branco em tons de azul e amarelo, sempre querendo perguntar: "Você vê o que eu vejo?".
Eu posso, se precisar, pensar de formas convencionais. Mas, se depender só de mim, geralmente vou optar pelo excêntrico e o avançado. Na verdade, eu normalmente fico entediada com o que faz a maioria das pessoas se sentir bem. Eu aprendo lendo, conversando, observando as pessoas, a fauna e a flora, ou apenas sentada em uma poltrona na minha mente, imaginando como as pessoas aprenderiam a contar se só pudessem usar números ímpares. Eu desafio as idéias convencionais, definindo de forma corajosa e original, o falso e o verdadeiro, o certo e o errado, o bom e o mau, o bonito e o feio.
Eu ultrapasso o limite de velocidade ao dirigir pela vida e, quando passo por redutores de velocidade, atropelo muitos deles com a mente distraída das linhas retas à frente, minhas rodas saem do chão. 
Para as pessoas que gostam de levar a vida em uma velocidade mais segura, eu ando depressa demais e deixo a terra firme com frequência demais.
Por isso, e apesar de tudo isso, eu decidi que o que quer que esteja me esperando no final dessa viagem, eu quero descobrir.




"É impossível." disse o Orgulho.
"É arriscado." disse a Experiência.
"É inútil." disse a Razão.
"Faça uma tentativa." sussurrou o Coração!
 

E as vezes, por mais que a Experiência e a Razão gritem juntas (já que pra mim o Orgulho é surdo mudo), o Coração mesmo sussurrando, fala mais alto...

terça-feira, 3 de maio de 2011

2012 pode vir a ser = Amor

Todos nós estamos presenciando um movimento no planeta e não existe maneira de ignorá-lo. Se tem a ver com a aproximação da data que a profecia maia determinou como o fim do mundo, ou não, só o tempo irá dizer, mas que tem algo no ar, isso é indubitável. E não, eu não acredito num final hollywoodiano de meteoros explodindo cidades ao redor da Terra e sim em mudanças e transformações, que a meu ver já estão ocorrendo.
Não vou aqui falar de crenças religiosas, até porque aprendi que religião, política e futebol não se discute, cada um tem sua preferência e essas predileções devem ser respeitadas e aceitas, assim prefiro o caminho da sensibilidade e da reflexão.
No primeiro ano desse século, o mundo presenciou atônito, o ataque terrorista às Twin Towers em New York. Acho que assim como a morte de Kennedy pra geração do meu pai - que sempre dizia que se lembrava onde estava quando ouviu a notícia do assassinato do presidente, a minha geração também se lembra exatamente o que estava fazendo quando soube da investida às torres. Eu estava me preparando pra sair e me lembro que depois do susto absurdo e de tentar comunicação com pessoas queridas que estavam fora do Brasil, eu me sentei na frente da televisão (ainda sem saber e ter idéia dos conchavos políticos que se escondiam por trás daquela tragédia) e fiquei pensando que alguma coisa no mundo tinha mudado.
Paralelo a todos esses acontecimentos mundiais, e como acredito ser uma pessoa bastante sensível, percebi na pele esse movimento energético e vi minha vida passar por mudanças concretas e radicais.
Acontece que tem um lago perto da minha casa, que é o meu lugar de meditação. Pra mim, lá é a casa de Deus e quando eu preciso de respostas, colo e acolhimento, ou quero agradecer por estar viva, faço uma visita. Esse lugar foi testemunha de alguns momentos memoráveis meus, momentos de alegria, momentos de dúvida, momentos de desespero. Lá eu pedi por esclarecimentos e as respostas vieram... confesso que nem sempre entendi essas respostas, mas com o tempo e a minha busca incansável por entendimento, elas se mostraram claras, assim como me apontaram o melhor caminho a seguir.
Porém, em consequência de alguns acontecimentos pesados que se sucederam em minha vida, quebrei o pau com o Cara Lá de Cima, e me afastei do lago onde Ele mora. 
Esse movimento foi de sobrevivência. 
Precisei questionar minha fé e crenças, me questionar, questionar o mundo, o que estava à minha volta, minhas posturas, princípios e ações... enfim, precisei me reconstruir. 
Nesse processo de reconstrução, atenta às mudanças que se faziam em mim e ao meu redor, eu entendi que tudo o que acontece no Universo gera uma energia que influencia a vida de todos os seres que habitam o nosso espaço. E aqui estou falando da destruição e os descuidos com o planeta e suas consequências, do desinteresse das pessoas por seus semelhantes, das atrocidades cometidas com gente em nome de divergências políticas, religiosas, sexuais, raciais e sociais, da crueldade com animais... estou falando do adoecimento da sociedade, estou falando do homem que está perdendo a alma. 
E é claro que há exceções e que existem pessoas que valem muito a pena e que deixam o mundo mais bonito, mas reparem, essas pessoas são o diferencial e não a regra. Não deveríamos nos tratar com humanidade? Não é essa a condição de ser humano? Não deveria ser intrínseco olhar o outro como eu quero que ele me veja e só fazer ao outro o que eu gostaria de receber? E esse outro não deveria ser tanto o meu irmão, quanto o mendigo que mora debaixo do viaduto, ou o cachorro vira-latas que passa ao meu lado na rua?
Eu cresci escutando meu pai dizer (quando ele via uma criança de rua) que em cima daquele pescoço poderia estar a carinha de um dos filhos dele... meu pai era um homem sábio e de uma sensibilidade ímpar, que eu tive o privilégio de ter como mestre, mas sempre que penso sobre isso, eu me pergunto: não deveria ser natural nas pessoas se preocuparem umas com as outras? E é lógico que não vou levantar a bandeira de que todas as pessoas devem salvar o mundo, isso acaba ficando pra gente de projeção que tem acesso a todas as populações, mas acredito nas correntes do bem, em ter ações significativas e que se façam necessárias na vida do próximo, em fazer o bem não importando quem irá receber, em passar coisas boas a diante. Não me considero exemplo nenhum e não quero fazer pregações, até porque tenho muito que aprender em questões de humanidade, mas resgatei minha alma, reconstruí minha vida e com isso me comprometi em melhorar e em tentar buscar o caminho de evoluir sempre. Tenho consciência de erros cometidos, assim como entendo alguns acertos, porém sigo esperando e pedindo muito a Deus por sucesso.             
Olhando em volta e percebendo o mundo, entendo de um modo muito particular a profecia de 2012, ou o homem sai numa cruzada em busca da alma perdida, permitindo que o amor tome conta e preencha todos os espaços vazios que estão aí, ou realmente será o fim dos tempos.


Escrevi esse texto porque nessa semana que passou, uma pessoa que quase não me conhecia, apareceu sob a forma de um anjo e num gesto de amor, sensibilidade e bondade me deu um presente fantástico. Não preciso dizer o nome dela, nem o que ela fez, essa pessoa sabe que isso é pra ela. Só sinto necessidade de dizer que anjos assim existem, pessoasexceções são um bálsamo pra alma, estão entre nós e eu vivi essa experiência maravilhosa. Muito obrigada de novo e de novo!!  

domingo, 24 de abril de 2011

A Alma Humana

O que é necessário pra se conhecer pessoas? 
Não, gente... não estou falando de entrar em contato com outros indivíduos não! Isso é fácil e provavelmente a maioria dos seres humanos com mais de 5 anos, sabe fazer isso. Estou me referindo a perceber alguém, a enxergar sua alma, a ver e reconhecer seu funcionamento, atitudes e gestos, entender de verdade o outro. Pra isso é necessário muita sensibilidade, experiência e observação, e acima de tudo, é necessário gostar de gente.
É claro que existem fatores que turvam nossa visão e a paixão é talvez, o pior deles. 
Todo mundo conhece a expressão que diz que o amor é cego. Eu me atrevo a corrigir isso... acredito que a paixão cega as pessoas e o amor, como se baseia na aceitação do outro, nos dá a possibilidade de ver ou não esse outro. E isso vai depender da vivência e da maturidade emocional dos indivíduos em questão.
Imaginem Romeu e Julieta como quarentões vividos e emocionalmente amadurecidos, que no decorrer da vida tiveram experiências com relacionamentos, viveram seus começos e fins, a convivência diária, passaram por traições e sufocaram decepções... alguém aí acredita que eles teriam morrido de amor como na versão de Shakespeare? Não, né? 
E não estou aqui, querendo destruir nenhum sonho adolescente romântico, porém me desculpem... quanto mais penso nisso, mais eu me lembro de uma frase que eu ouvia minha mãe dizer: "Ah, seu eu tivesse a sua idade (quando eu tinha 18 anos) e a minha experiência!". 
E quem achar que eu estou exagerando, eu convido a dar uma passadinha de olhos nas postagens da galera de 20 anos, nas redes de relacionamento. Talvez por eles começarem mais cedo do que a minha geração, já tenham uma visão diferente da que eu tinha, nessa idade. E é claro que eu estou me referindo a pessoas emocionalmente saudáveis e que amadureceram graças ao aprendizado adquirido através de experiências, isso pode ocorrer aos 20 e poucos anos, mais tarde, ou nunca. Assim como existem jovens profundamente sábios e maduros, também tem um monte de cinquentões que sofrem de retardo emocional e negação de aprendizagem.
"Romeu e Julieta" é a história de amor linda que é, porque os protagonistas são adolescentes... jovens... crianças até! Carregam a pureza de um coração sem marcas. Estão começando a construir sua história de vida. 
O meu coração está tão marcado que mais parece um mapa hidrográfico, não dá pra alguém me pedir pra acreditar em amor até que a morte nos separe, PELAMORDEDEUS! Eu acredito em amor até que a vida (ou não) nos separe. E não falo isso com amargura não! Digo isso com a convicção e a certeza das diretrizes que eu fui acumulando pela vida, que me fazem ser o que sou e das quais me orgulho muito. Afinal, essas experiências e até as cicatrizes resultantes delas, são marcas de sobrevivência. São sinais de tudo o que eu vivi, do que acertei e errei, de tudo o que eu lutei, ganhando e perdendo, de todas as minhas tentativas e o que pra mim, é o mais importante... essas tatuagens, iguais a todas as que eu trago no corpo, tem um significado, e no caso das da alma, a principal tradução é de não ter desistido nunca.      
Ainda falando em paixão (e aqui eu me refiro a todos os tipos de paixões: as românticas, as de causas sociais, as religiosas, as políticas e até as esportivas). Será que existe a possibilidade de se apaixonar, sem ficar cego? De se voltar intensamente para o objeto do desejo, mas ainda ser capaz de ver seus defeitos, suas falhas, de saber ou pelo menos tentar agir de forma mais sensata e menos impulsiva? Acredito que isso também esteja relacionado à maturidade. E quando olho pra minha filha e já percebo nela uma propensão a trilhar o caminho da paixão, acho que tenho as mesmas reações que meus pais tiveram em relação a mim. Porém eu sei, por experiência própria (e por mais que isso me custe) que ela precisará experimentar as dores e as delícias desse trajeto e aprender sozinha (bom... sozinha não vai... é claro que eu vou dar conselhos, e repetí-los 345 vezes, mas o que eu quis dizer, é que no final ela terá de viver, pra descobrir...).
Agora, voltando à possibilidade de conhecimento da alma humana. 
É fantástico observar pessoas, ver seus comportamentos e ações, prever atos futuros, através do entendimento de movimentos passados. E aí, vocês provavelmente vão pensar que as pessoas, algumas vezes nos surpreendem. Eu me arrisco a acreditar que isso só acontece quando não estamos atentos o suficiente, ou quando não as conhecemos verdadeiramente ainda. Afinal, se um indivíduo muda, isso não vai acontecer do dia pra noite. Suas atitudes irão se modificando no decorrer de um tempo e isso ocorrerá em todos os sentidos e direções, e não apenas no que for seu interesse demonstrar, certo?
Embora tenha perdido a pureza das crianças, eu continuo a acreditar nas pessoas, em suas possibilidades e potenciais. O que mudou é que atualmente tenho feito isso de olhos bem abertos, observando bastante, refletindo e pesando as possibilidades que se apresentam. 
Aprendi que a busca por auto-conhecimento, não é um caminho fácil... encontramos obstáculos em forma de medo, angústias e surpresas, porém essa porta, uma vez aberta, dificilmente será fechada. Porque é como se uma cortina, que está em frente aos nossos olhos por muito tempo, tivesse sido retirada e víssemos tudo muito mais claro.
Nem a vida poderá ser filtrada de novo, nem nós poderemos nos esconder dela novamente...







sábado, 16 de abril de 2011

Questões éticas estão sujeitas à moda?

De vez em quando me deparo com umas situações que me fazem rever a vida, minhas crenças e princípios. Bom... talvez, não rever no sentido de sair mudando, até porque acredito ser muito difícil mudar* (de verdade mesmo) algo que está encravado em nós, mas rever no sentido de atualizar.
* Senti necessidade de acrescentar uma nota aqui: Não é que não seja possível uma mudança verdadeira em alguém que vem tendo um conjunto de atitudes por muito tempo, é que me parece que as reais mudanças acontecem pelas necessidades que uma pessoa encontra. Assim acho que pode até haver mudança, mas pra isso, a água precisa bater no bumbum, como se diz por aí.
Então, fazendo a tal atualização dei de cara com alguns princípios e formas de funcionar que parecem estar fora de moda, no mundo atual. Por isso pensei que quando se passa muito tempo empenhando-se em ser correta e tentando fazer o certo e o politicamente esperado, fica complicado ver alguém se dando bem, na base do "eu posso, então faço", ou tirando vantagem de situações difíceis do outro, ou mesmo passando por cima desse outro pra conseguir o que quer.
Durante o show do U2, nessa última quarta-feira, vi o Bono dizer que se conhece a grandeza de uma nação, pela maneira como esse país trata os mais necessitados, carentes e pobres. Fiquei pensando que isso é muito verdade, e vale ainda mais no que concerne à pessoas. A grandeza de alguém reside no modo como essa pessoa trata quem se encontra abaixo dela em hierarquia, os subalternos, os funcionários, os menos privilegiados, as minorias, os mais novos... e vou mais longe, a grandeza de alguém se mede em como ela lida com o poder. Frente a frente, todos tratarão bem alguém que tenha repercussão, fama e poder, agora quantos são gentis com o porteiro do condomínio, com o caixa do banco? Quantos se sensibilizam com o problema da funcionária que trabalha em sua casa? Quantas pessoas são capazes de realmente ENXERGAR o outro, independente do tamanho da sua conta bancária, ou do negócio lucrativo que ele possa oferecer ou até mesmo da utilidade que ele tenha num determinado momento?
Alguns vão dizer que são questões de ética, e que a ética é algo muito relativo às sociedades e ao tempo delas. E é verdade, mesmo. São tantas as questões éticas, são tantos atributos e atribuições dessas questões, que eu ficaria aqui pra sempre e ainda assim teria muito a dizer e a aprender.
Agora, eu aprendi por exemplo, que mentir é errado. E podem ficar tranquilos que não vou ser hipócrita e dizer que nunca menti ou vou mentir (afinal estou falando de ética e ser coerente é o mínimo, né não?). Todos nós mentimos socialmente. Não dá pra chegar pra aquela amiga querida e dizer que o cabelo dela está deprimente, depois que ela tentou copiar a cor da Julia Roberts, e acabou ficando parecida com a Madame Min. Então, se ela te pergunta se ficou bacana, você provavelmente dirá pra ela fazer um shampoo tinto, só pra dar uma tonalizada (isso, se a amiga for MUITO amiga mesmo), mas nunca que ela está parecendo a bruxa dos quadrinhos da Disney. Isso também tem a ver com caridade, consideração e por aí vai...
Agora... mentir pra se dar bem, pra tirar vantagem de algo, mentir com prejuízo do outro, isso eu aprendi que é errado. Aliás, MUITO errado! E eu já tive umas experiências com mentira, que só de lembrar me causam enjoo e mal-estar físico... Já tive gente que mentiu na minha frente, sabia que eu sabia ser mentira e me pediu pra confirmar; já tive gente que falou coisas sérias e na hora de ser confrontada, desmentiu, dizendo que nunca havia falado; já tive gente que inventou coisas sobre mim ou a minha vida; já tive gente que se aproveitou da minha ingenuidade pra mentir deslavadamente... enfim, tive muitas experiências com mentira e mentirosos, e adquiri conhecimento nesse tipo de mecanismo. Tanto conhecimento, que um dia vou escrever aqui um "compêndio" sobre mentira e sobre a minha teoria de que a mentira pode ser, em alguns casos, uma doença hereditária ou numa linguagem mais adequada e menos figurada, herdada por modelo... mas isso vai ficar pra uma outra ocasião. 
Hoje eu estou tratando de comportamentos não éticos que parecem invadir a sociedade atual... ou será que sempre foi assim? Ou será que é uma característica mais pungente na minha geração, graças à famosa Lei de Gérson? (Expressão que surgiu graças a uma propaganda infeliz em que o jogador campeão da Copa de 1970, dizia que fumava determinada marca de cigarros porque gostava de levar vantagem em tudo - Essa afirmação acabou virando sinônimo de ser malandro, de se dar bem, de ser desonesto sem que isso seja um problema). 
Na verdade, acho que falta de ética existirá enquanto houverem sociedades e como o homem é um ser social, está nas mãos de cada um repensar suas atitudes e posturas.
Mas nunca deixo de me abismar quando vejo pessoas agindo em seu próprio interesse, sem se importar com o próximo. Juro que dá vontade de perguntar: Você gosta  de ser maltratado, de ser explorado, de ser injustiçado? Acho que não... então não faça isso. Você gosta de ser enganado? Dificilmente, certo? Então não engane... não tenha esse comportamento. Se não for por ética, não o faça por entender que existe uma outra lei (e essa não foi construída pela malandragem), a Lei do Retorno. Se você engana ou enganou alguém, fique de olho porque cedo ou tarde também será enganado. Se você maltrata, explora ou comete atos injustos, em algum momento alguém fará o mesmo a você. E não tem nada a ver com crenças religiosas não! Tem a ver com seres humanos, aprendizados e trocas.
Por mais que eu saiba que não viram celebridades (na maioria das vezes em nossa sociedade) - e portanto não são merecedores de notoriedade - todas as pessoas que fazem o bem, ou que escrevem livros, ou que se dedicam a apoiar causas necessárias, ou que ensinam (haja vista a desvalorização e os salários lamentáveis dos nossos professores), ou que pesquisam e encontram curas de doenças... E sim que os renomados da atualidade recebem méritos por ter participado do último reality show, ou por ter posado pra determinada revista, ou por ter se saído bem em alguma maracutaia, ou ainda por ter casado, dormido, ficado, saído ou traído algum famoso do momento... Por mais que eu viva e entenda que o que está aí é isso mesmo, e que eu provavelmente serei apontada como a eterna crente num mundo melhor, enquanto a maioria da torcida acredita no cada um por si, mesmo assim eu seguirei valorizando a ética e o caráter, abominando os "Gérsons" de plantão e morrendo de vergonha e indignação por quem acredita que passar a perna no outro é sinônimo de poder. 
Por mais que eu possa atualizar meus princípios, tenho certeza de que mais fortes e arraigados eles permanecerão, até porque o que é correto e bom sempre vira um clássico e clássicos nunca saem de moda!


Deixo aqui a minha gratidão aos meus primeiros professores de ética na vida: Odete Regina Moreira Vasconcellos e Claudio Vasconcellos, e à minha professora e orientadora de ética na profissão: Fabiana Maiorino. Me acredito uma pessoa melhor também por vocês.

domingo, 10 de abril de 2011

Amor e seus Contrários

No texto "O Contrário do Amor" de Martha Medeiros, ela diz que aprendemos quando crianças que o contrário do amor é o ódio, porém quando somos adultos entendemos que o oposto do amor é a indiferença. Segundo ela, para odiarmos alguém é necessário que reconheçamos o outro, a sua existência, situação que não ocorre no caso de sermos indiferentes a esse alguém. Ela diz que quando amamos uma pessoa e passamos a odiá-la, gastamos uma energia específica nesse movimento, pois afinal ninguém que é indiferente ao outro, projeta nele qualquer sentimento, emoção ou até mesmo ação. Assim, para odiar necessitamos de um objeto que anteriormente foi objeto de nosso amor, o que significa que idealmente, o fim do amor seria a total indiferença e não o ódio. (Claro que também existe o ódio que já nasce ódio mesmo, mas estou escrevendo primariamente sobre amor e não sobre ódio, então vamos deixar isso de lado). 

Fiquei me perguntando se as coisas são assim tão simples. Preciso dizer aqui, que nessas questões de amor, ódio, indiferença, e outras tantas emoções que somos colocados em contato quando nos relacionamos, e por se tratar de indivíduos (seres únicos e completamente diferenciados de quaisquer outros), acredito que tudo fique bem mais complexo.
Refletindo a respeito, já dei de cara com algumas perguntas que vou tentar esclarecer pra mim mesma, enquanto escrevo.
Pra começar, existem diferentes tipos e intensidades de amor... e eu sei bem sobre isso porque como boa canceriana, sou alguém que ama muito. Eu amo as pessoas. Simplesmente não consigo me relacionar com alguém importante em minha vida, sem ser através do amor. Costumo dizer que gostar, eu gosto de sorvete (e eu realmente gosto muito de sorvete)... porém em se tratando de pessoas especiais eu me relaciono pelo amor. Mas até isso é controverso, porque tenho que admitir que conheço muita gente que me faz pensar em começar a gostar de dobradinha com bastante coentro (não aguento nem o cheiro disso)...

Então, pensando sobre amor... 
Posso garantir que o maior amor da minha vida é e sempre será pelo meus filhos. Por eles eu faço qualquer coisa, me submeto a situações inimagináveis, entrego minha vida se for necessário. 
Esse amor é visceral em mim e é tão grande que me faz saber, nas profundezas do meu ser, que eles seriam meus filhos independente de qualquer circunstância. Bryan, Kevin, Stephanie e eu, nos escolhemos várias vezes, em muitas vidas e provavelmente de muitas formas, mas eles estavam, estão e estarão na minha vida pela eternidade e nada mudará isso. Nesse amor não tem lugar pra emoções ruins por muito tempo, simplesmente porque eu jamais sobreviveria sem meu coração.
Existe em mim, o amor pelos meus pais, irmãos (os cunhados são irmãos que a vida me deu de presente), sobrinhos e família (avô e tiomelhoramigo que já foram pro andar de cima, e tios e primos que mesmo não estando no meu dia a dia, são pessoas deliciosas)... esse amor é de um tipo diferente. Essas pessoas (e as continuações delas) são a minha matriz, fazem parte do meu eu, das minhas primeiras construções, da formação da minha identidade... e por mais que existam discordâncias, elas não mudarão o amor, porque quando se nasce em uma família como a minha, o amor e a união se instalam dentro da gente de tal maneira, que se entrelaçam com órgãos vitais. 
Existe também, o amor pelos meus amigos... essas pessoas são criaturas que eu escolhi no decorrer da vida e são importantes justamente por terem sido escolhidas. 
Pra mim, não existem imposições na amizade verdadeira, e acredito que esse seja o motivo de eu ter amigos de um milhão de anos e outros que apesar de não terem todo esse tempo, são como se fizessem parte da minha vida inteira.

Sei que muitos devem estar pensando que a Martha se referiu ao amor romântico, e não a esses descritos acima, mas esclareço que quando li o texto dela, pensei não só no amor romântico, mas também em todos esses outros (ok... concordo que talvez tenha feito isso pela minha maneira de funcionar). 
Mas, e o ódio? Ódio pra mim é algo muito forte e destrutivo, assim como a inveja. Confesso que inveja eu já senti, mas é um sentimento que não existe mais pra mim. Se eu gosto de alguém e essa pessoa conquista algo, eu fico extremamente feliz por ela. E isso acontece, porque se a pessoa tem importância, o que a faz feliz, me deixa feliz também. E se a pessoa não tem importância? Bom... aí, melhor pra ela, o que quer que seja. Isso não me pertence, simples assim. Pode até dar aquela vontadinha de estar no lugar do outro, mas junto com a vontade, vem a certeza de que pra mim só o lugar em que eu me encontro, me interessa. Não por egoísmo e sim por auto reconhecimento de tudo o que eu já passei pra chegar onde estou e por valorizar muito isso.
Agora, voltando ao ódio... não sei o que é isso. Acho que nunca conheci o que é odiar alguém. Sei o que é raiva, decepção, o amargo no coração de se enganar e/ou ser enganada e até indiferença, mas ódio... ódio não.

Nas questões amorosas, eu tenho uma característica particular que é o fato de precisar admirar alguém pra me apaixonar e seguir amando. Se o objeto do meu amor, for destruído por alguma decepção, se eu não conseguir admirar mais nada nessa pessoa, é o começo do fim. 
Lógico que na minha imaturidade, eu construi imagens idealizadas e fiz muita loucura pelo que as pessoas costumam chamar de amor, mas o tempo e a vida se encarregaram de mostrar a realidade, e hoje, é como se lá atrás, eu tivesse uma cortina diante dos olhos... uma vez que a cortina caiu, não tenho outra alternativa, a não ser enxergar. E pra mim, quando isso (de passar a enxergar) ocorre, o amor pode virar indiferença, não aquela que faz com que a pessoa deixe de existir (acredito que a energia empregada em fazer alguém desaparecer, talvez seja maior do que o ódio), a pessoa passa a não me interessar mais. Isso já aconteceu com amores e amizades também.
Assim, acho que podemos até ser indiferentes a alguém, alguns podem transformar amor em ódio, mas existem outros sentimentos e até várias nuances desses sentimentos numa relação, nada é tão dicotômico.

As questões que envolvem amor e pessoas são tão fortes, grandiosas e profundas que podemos até tentar definir em palavras, mas sabemos que o entendimento só virá através do sentir. Ou se sente ou não. E eu posso garantir, com conhecimento de causa, que nada é tão poderoso quanto esse sentimento quando ele é real e verdadeiro... Só sabe mesmo quem sente. 


Deixo aqui o meu amor imenso pelo meu filho Bryan, que hoje faz 23 anos e foi a minha primeira verdadeira e absoluta experiência de amor e também pelo meu irmão... (eu pensei nele durante o tempo inteiro que escrevi esse texto). 

sábado, 2 de abril de 2011

Queixo duro

Quando se pergunta a alguém sobre um período marcante de sua vida, normalmente a resposta é a infância. Isso ocorre provavelmente, porque a infância é o lugar da exploração, das descobertas, a infância na maioria das vezes e em condições ideais, é um tempo mágico na vida das pessoas.
Eu tive uma infância feliz e muito parecida com a infância da maioria das meninas da minha época. Meus pais foram os pais mais amorosos, dedicados e cuidadosos do Universo, assim como os mais rigorosos também. Eu me lembro que no meu tempo de criança, era comum os pais castigarem os filhos com surras, mas meus irmãos e eu nunca apanhamos. No máximo ficávamos de castigo ou recebíamos umas palmadas de minha mãe quando passávamos muito da conta e aprontávamos alguma. Meu pai não nos deu sequer uma palmada... nunca. Ele tinha um olhar 43 que passava todo o descontentamento, e por mais que não soubéssemos o porquê dele estar bravo, tínhamos certeza de que alguma nós tínhamos feito. 
Como a rigidez da educação e os princípios de moral eram uma constante em nossas vidas, eu cresci seguindo as normas e me comportando conforme o esperado. Porém, segundo meus pais, a pressa de ser gente grande foi uma característica minha desde sempre.
Na adolescência, eu me percebi como uma pessoa, um ser no mundo, e não como uma extensão de meus pais, porém, independente das minhas opções e mesmo tendo uma personalidade propícia, eu não tive muita escolha, meu pai foi um homem muito forte e minha mãe é uma das pessoas mais fortes que existem, assim desconfio que ali foi anunciada a "maldição" da bruxa malévola no reino dos Vasconcellos: Eu seria forte!  
Na adolescência eu também descobri que embora existam regras, normas e limites, tudo isso dependendo da situação e da aplicação pode ser questionado, e muitas vezes, deve ser explicado. Assim, eu entendi que por exemplo, caráter e regrinhas básicas como: nunca fazer ao outro o que eu não gostaria de receber e ajudar sempre que possível e na impossibilidade de ajudar, nunca atrapalhar - não eram regras flexíveis, e sim modelos a serem seguidos. Porém, o porquê da melhor amiga poder chegar da festa às 3 da manhã e eu ter que  voltar pra casa à meia noite, pois caso contrário, viraria abóbora, bom... isso poderia ser questionado.   
Foi o meu período mágico! Foi quando eu soube que poderia usar todos os exemplos maravilhosos e fortes dos meus pais, a conduta e os princípios deles e tentar construir (aos trancos e barrancos, como todo aprendiz) o meu jeito de ser, minha maneira de pensar, o início da minha identidade. 
Só que eu sempre fui queixo duro, muito questionadora e teimosa, nunca me contentei com o estabelecido e por tudo isso, protagonizei brigas homéricas com meu pai (que também era tudo isso, queixo duro, questionador e teimoso), discussões que invadiam a madrugada, debates acirrados que cansavam e davam preguiça no resto da família (Que saudade dessa época... Que saudade do meu pai!!!).
Na época dessas "batalhas", por mais que ele me amasse (e eu tinha certeza  do amor imenso e incondicional), eu pra ele era uma garota rebelde e atrevida, aliás atrevida só não... ele me chamava de "atrevidassa"... e pra mim, ele que sempre seria o meu herói, era um pai autoritário e inflexível.
Eu precisei crescer e virar gente de verdade, pra entender que o encontro do autoritarismo e a inflexibilidade dele pra essas questões de limites negociáveis, e a minha personalidade atrevida e rebelde, me fizeram construir o modo ideal de relacionamento com os meus filhos, me ensinaram a brigar pelo que eu acredito injusto ou incorreto, a batalhar pelas minhas crenças, a formar o muito do que eu sou hoje... e deixaram a "maldição" da bruxa malévola mais forte.
Com o tempo, as nossas "batalhas" se transformaram em conversas deliciosas e intermináveis (que também davam preguiça e cansavam o resto da família), em momentos que só nós dois sabíamos o quanto eram preciosos (minha mãe também entendia, mulher sábia e perspicaz que é). 
Com o tempo, eu quando olhava pra ele, só conseguia enxergar o meu herói, o homem mais íntegro, mais protetor e mais amoroso que existiu. 
Com o tempo, o queixo duro e a teimosia herdados do meu pai viraram uma marca minha. 
Com o tempo, aquela garota "atrevidassa" e rebelde foi ficando resistente, foi desafiando as circunstâncias difíceis, foi caindo e levantando, foi seguindo em frente apesar dos pesares... foi transformando a "maldição" da bruxa malévola em benção... e como Che, endureceu sem perder a ternura.
E com o tempo, SEDEUSQUISEREELEHÁDEQUERER, a atitude (atrevida??) da garota vai deixar de incomodar tanto alguns... porque com o tempo, essas pessoas vão entender que essa garota não está preocupada em agradar a todos (ela descobriu que isso é impossível), e nem em se desculpar pelo que é e o que pensa, tampouco em passar o resto da vida numa queda de braço eterna (só de pensar deu preguiça na garota). Ela não quer e nem precisa provar nada a ninguém, ela só quer ser feliz, estar em paz, trabalhar e seguir a vida, porém ela sabe o que conquistou e o trabalho que teve e não vai abrir mão de ser quem é.
(Preciso deixar claro que não suporto narrativas em terceira pessoa... as acho chatas, arrogantes e prepotentes, na maioria das vezes, e peço desculpas a todos vocês pelos dois últimos parágrafos acima, mas acreditem... foi necessário). 
E só pra esclarecer, caso tenha ficado alguma dúvida, e também pra tirar esse ranço de terceira pessoa, a tal garota atrevida SOU EU.


"I read somewhere... how important it is in life not necessarily to be strong... but to feel strong." - Alexander Supertramp (Chris McCandless)


"Eu li em algum lugar... como é importante na vida não necessariamente ser forte... mas se sentir forte."


Pra finalizar, vou pegar emprestado um texto da Tati Bernardi... me achei nessa definição.
   
"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje. Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina… E vice versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me doo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil… e choro também!"

terça-feira, 22 de março de 2011

Escolhas

Todos nós passamos por momentos decisivos, momentos que parecem ser determinantes para o resto de nossas vidas, momentos em que precisamos escolher um caminho diferente a seguir...
Quantas vezes nos questionamos por anseios e desejos futuros, por questões imediatas ou trajetórias passadas?

Será que eu vou embora pra França e recomeço a vida lá? Ou entro pro Médicos Sem Fronteira, caio no mundo e vou fazer duas das coisas que amo, cuidar de gente que precisa + viajar? Será que eu invisto mais nessa relação? Será que vale a pena batalhar tanto, mesmo tendo tantos empecilhos? Se eu não tivesse boicotado aquela paixão, ela teria resistido? Será que o meu tempo de voltar a estudar e realizar o sonho de uma vida inteira, já passou? E se eu não tivesse dado a segunda chance? Fico com o X ou o Y? E se eu tivesse ficado com o Y? E se eu tivesse ouvido mais o meu pai e a minha mãe?

O cinema imortalizou no clássico "Casablanca", essa angústia da vida real...se na cena final, Ilsa não tivesse entrado no avião com Victor, será que ela e Rick teriam sido felizes? Será que "As Time Goes By" continuaria a ser a música sempre pedida a Sam, com o famoso: "toque outra vez", mesmo depois de Rick virar um mal-humorado ausente que dorme com a primeira refugiada que aparece no bar, e Ilsa, uma mulher triste e apagada que abdicou de todos os seus sonhos (inclusive o de ter entrado no avião com Victor) pra ficar ao lado de Rick e ajudá-lo no bar... enfim, será que se o final tivesse sido outro, eles não estariam querendo matar o Sam, se ele chegasse perto do piano? (Aqui, peço licença aos meus filhos cinéfilos - principalmente ao Kevin que vai querer me matar - e explico que não estou querendo desconstruir nenhuma fantasia e muito menos tenho a pretensão de julgar o conteúdo do filme, até porque também é um dos meus preferidos e é genial, exatamente pelo final que tem... Mas, que é pra se pensar, isso é!!! Sorry, guys...)   

Acredito que todos já tivemos momentos em que desejamos ter feito diferente e a consciência de que essas dúvidas, sobre decisões passadas ou mesmo futuras, irá nos  assombrar e provavelmente seguirá povoando nossos pensamentos, muitas vezes, nos causa uma angústia profunda. 
Claro que nessas situações sempre poderíamos ter seguido outro caminho e haveriam muitas outras possibilidades, porém, existe nisso tudo uma certeza, a de que somos um produto de nossas escolhas.  

A vida é feita de escolhas...algumas escolhas são fáceis e outras não, mas são as mais difíceis, as mais importantes porque elas nos definem como pessoas, como quem somos...são as que definem nosso caráter, do que somos feitos.
Essas escolhas são determinantes e nos determinam, porque sabemos que depois de termos escolhido, nunca mais seremos os mesmos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Trocas

Pessoas são passíveis de erros, relações são propensas a turbulência. Quando dois indivíduos se relacionam, existem um milhão de variáveis que entram em jogo, e aqui eu cito algumas: o quanto estamos dispostos a realmente ver o outro e o aceitar, o quanto nos comprometemos com ele, o quanto abrimos nossa vida pra que esse outro possa entrar, o quanto estamos dispostos a negociar em benefício do relacionamento, enfim...é uma equação complexa e particular proposta e solucionada pelos interessados e que só chegará a um denominador comum, se existir respeito. Respeito pelas diferenças, as necessidades, as crenças, a individualidade, os limites e a liberdade do outro. E não estou falando apenas de relações amorosas não, estou me referindo a qualquer tipo de relação que envolva carinho e convivência. É triste, mas muita gente só consegue ser solidária, se comover  e sensibilizar, quando vivencia uma situação ou angústia semelhante a do vizinho, ou seja, quando sente na própria carne, o problema do outro.
Eu tenho o hábito de cultivar amigos e as pessoas na minha vida são como presentes. Sei que não sou fácil de conviver, já que sou intensa e não me contento com mais ou menos (aqui preciso ser honesta e confessar que já me contentei, mas tenho a meu favor e não como justificativa, o fato de ter sido extremamente ingênua e crédula naquela época!). Assim, admito que essa mistura de emoções + particularidades, já me levou a fazer muita besteira no decorrer da vida, besteiras essas que procurei sempre converter em aprendizado, porém, quem me conhece de verdade, nunca me acusará de ser sonsa, em cima do muro, desonesta, injusta ou falsa. Assim como tenho certeza que nunca serei apontada por não me empenhar, ou por não tentar dar o meu melhor. Eu tenho um profundo interesse pelas pessoas e apesar de passar grandes períodos sozinha, por opção e auto-conhecimento, nunca serei solitária.
Relacionamentos, seus determinantes e suas consequências, me apaixonam e  mesmo tendo sofrido com algumas decepções e enganos, e certamente também ter decepcionado, eu nunca deixarei de acreditar nas pessoas e em quanto elas podem ser especiais ou não nas vidas uma das outras.
Qualquer relacionamento, que tenha importância, é feito de trocas...e essas trocas nos marcam para o bem ou para o mal. Quando trocamos o nosso melhor, damos transparência, honestidade, carinho e cumplicidade, marcamos e somos marcados pelo outro de modo incondicional!! O mesmo ocorre quando as emoções deixadas são negativas. 
É uma coisa a se pensar, não? Que marcas queremos deixar nas pessoas que são ou foram importantes em nossa vida?